quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Para 2010

Em 2009 tudo se passou e muita coisa mudou.



Aquela sensação de proteção já não existe mais. Hoje sou eu por mim mesma. Antes podia contar com meu pai, irmãs, "amigos", namorado (que há um ano se tornou ex), enfim...



Posso contar nos dedos das mãos (e ainda sobram), as pessoas que nesses meses de dificuldade e superação, me ligaram, me deram um abraço e disseram: "Calma, tudo vai dar certo!".



Sei que um dia tudo voltará ao "normal", mas também se não voltar sei que a vida se encarregará de fazer com que meu me adapte às minhas novas condições.



Passei boa parte desse ano só. Rindo, chorando, criando coragem, me lamentando, mas principalmente... Esse ano aprendi a viver!



Não foi um ano fácil. O dinheiro não entrou (pelo menos não como queria), a doença que não sarou, o abraço que faltou e o amor que acabou.



Então para 2010 espero que tudo seja BEM melhor. Que eu possa me curar dessas feridas que se abriram, parar de lamentar e agradecer a Deus, porque apesar de TUUUUUUDO, estou aqui, firme e forte; pronta para "encarar" mais um ano e desejando que este seja infinitamente melhor que o que vai passar.



À todos aqueles que tiveram paciência de me ler... Um Feliz 2010 cheio de saúde, paz, dindin e MUITO AMOR!



Beijos

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Aprendendo a viver - parte I

Fiquei ausente por vários meses.

Fato é que minha vida deu uma verdadeira reviravolta. Passei de uma garota sem preocupações, para uma filha cuidadora de um pai acamado.

Em março deste ano, vi meu pai infartar em casa. Estávamos eu e ele apenas e aqueles minutos que ele agonizou antes do Resgate chegar foram eternos e muito dolorosos.

O que eu não imaginava, é que este infarto mudaria radicalmente minha vida.

Foram meses de angústia na porta do hospital. Esperas intermináveis na porta da UTI na ânsia de saber notícias, de apertar a mão, se sentir o calor, enfim... Nestes meses vi inúmeras famílias passarem pelo mesmo "drama" que eu. Éramos solidários, mas infelizmente, apenas meu pai sobreviveu. Sofri junto em cada perda. Era um sentimento esquisito, pois a cada "baixa" que tínhamos na UTI, meu sentimento de impotência aumentava, ao passo que cada melhora de meu pai, aumentava mais minha alegria e fé.

Neste meio tempo, minha irmã casou. Sim, ela não pode entrar com seu pai, pois ele se encontrava em coma. Não consigo lembrar-me direito de seu casamento. Na verdade, não sei como conseguimos reunir forças e seguir naquele dia especial.

Foram 2 meses e meio na UTI. Vi meu pai ser desenganado, vi ele melhorar, vi piorar, vi de tudo. Coisas que jamais poderia imaginar que um dia fosse passar.

Quando ele "acordou", fiz força para não chorar na sua frente, quando ele escreveu a mesma emoção tomou conta de mim e finalmente, quando ele conseguiu falar - ainda que com muita dificuldade - não consegui conter as lágrimas... Sim, aquelas que há muito queriam rolar pela minha face.

Depois ele foi transferido de hospistal. Com muita sorte ganhou "anjos" (os enfermeiros e a fisioterapeuta), mais competentes do mundo. Mas sempre tem um vilão, e neste caso eram dois: o convênio e a médica.

Mesmo sem condições, meu pai, após 4 meses teve alta. Se alimentava por sonda, não tinha quase nada de mobilidade, muitas escaras e...

Ficou apenas 7 dias. Voltou ao hospital e lá ficou até que conseguimos entender, que naquele estabelcimento ele não se recuperaria. Eles abandoram meu pai naquele leito. Ele ficou desnutrido (perdeu 30 kg) e desidratado, fora as outras complicações que ocorreram por pura imprudência médica.

Fomos em busca de outro "anjo", que nos orientou e assim que meu pai deu sinais de melhoras, assinamos a sua alta e o transferimos de hospital. Isto ocorreu em setembro.

Lá, ele começou a se alimentar novamente, fato este que a "médica má", disse que nunca ia ocorrer. Ganhou peso e em outubro voltou para casa.

A felicidade era enorme e as preocupações idem. Muitas foram as adaptações, a cama hospitalar, os espessantes para colocar na sua comida (meu pai tem disfagia), fraldas geriátricas, gases, vários remédios, cuidados com a alimentação, com os curativos das suas escaras, enfim... impossível enumerar tudo a que tivemos que nos adaptar.

Infelizmente, ficou 10 dias e voltou ao hospital com problemas corriqueiros. Fiqcou pouco mais de uma semana e retornou para casa. Ficou 20 dias e hoje está internado novamente, pois teve hepatite medicamentosa e pedra na vesicula.

Enfim... O que quis deixar hoje registrado é que, apesar de tudo, das noites em claro e do medo da perda, a alegria das pequenas conquistas de meu pai me levanta e faz acreditar que tudo nesta vida é possível.

Ele ainda tem dificuldades para fazer tudo, mas minha fé e minha esperança apontam que ele logo estará cantando no seu videokê e dançando seu bolero.

Volto em breve!
Beijos